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PROLOGO

 

               — Quem é o traidor? Quem colocou este animal no lugar do meu filho? E ONDE ESTÁ O MEU FILHO??!!

              O Grã-Duque Vladimyr Meneslaups Borlowish Spartwalyskis Borwoshi Conanlescaut, Chanceler do Reino de Koryakia, Chefe do estado maior da península de Kovar, encarou os passageiros com os punhos cerrados sem disfarçar a fúria.

             O jato oficial da família real continuava sobrevoando o Mar do Norte, a caminho de Koryakia, país natal e refúgio dos Koryaks. Os passageiros, acomodados nas poltronas, se encaravam receosos cientes de que, entre eles, havia um traidor, fato imperdoável, pois aquele era o círculo dos Koryaks mais próximos ao Chanceler formado por altos funcionários do governo e a elite de segurança. A fúria do líder era compreensível com uma traição tão intrínseca e todos baixaram a cabeça em submissão. 

               — Meu marido...

          — Sente-se com Margareth, Aylena! Ela não está ambientada e tudo isso terá que ser um pesadelo! — Rápida Aylena o obedeceu.

            Maggie não conseguia falar e arranhava o pescoço angustiada sentindo as cordas vocais travadas. O olhar desesperado vagueava entre o filho sobre a maca se retorcendo de dor, ainda em forma de lince, e o futuro marido irado andando de um lado para outro dentro do pequeno espaço da aeronave.

              — Estou rodeando por traidores. Meu reino infestado pela pior praga que pode existir. Traição. Há um traidor entre nós e eu quero saber quem é! ― Vladimyr falava exaltado. Olhava cada um nos olhos, pronto para desvendar qualquer segredo oculto. ― Quero saber onde está o meu filho! Meu filho que me foi roubado criança, meu filho que foi retirado do seio de seu lar por uma reles comum indigna de se tornar uma Koryak. Um de vocês o trocou por aquele animal e eu exijo saber quem foi. Quem tem tal poder e é capaz de ocultá-lo de mim o Regente??

               — Meu marido sua noiva requer atenção! — Aylena disse irritada por não conseguir conter Maggie que arranhava o pescoço na angústia de tentar falar e não conseguir.

               — Libere-a meu irmão! Ela vai sufocar. Não está ambientada como bem lembrou! — Salastiel disse levantando.

                — Maldição! — Aproximou-se da noiva e a tocou no rosto. — Fale mulher!!

               — Aaagghahhhh — O grito angustiado de Maggie por fim saiu. — Meu filho! Meu Deus! Hans! Meu filho!!

               — Já lhe disse que aquele não é Hans!!

               — Não é?? Como?? O que está acontecendo...

               — Durma mulher! — Vladimyr sibilou mais calmo.

Imediatamente Maggie adormeceu. Aylena precisou ampará-la para que não caísse da poltrona. Vladimyr se aprumou e voltou a atenção aos súditos.

               — Lipszyc passe para o meu lado! Você é o único que detém minha confiança! — Foi prontamente obedecido pelo enteado. — Aos demais verei o que fizeram nos últimos dois dias. — Disse caminhando entre os vinte passageiros. — Qualquer tentativa de esconder um único minuto que seja será uma declaração de culpa! — Parou em frente a um deles e estendeu a mão. — Vamos começar por você, jovem galeno Wasliskys que foi aquele que mais teve acesso ao meu filho nos últimos dias.

               — Não! Que seja eu o primeiro! — Salastiel se aproximou girando os dedos da mão direita no ar. Foi até o irmão e estendeu a esquerda com raiva. — Ofende-me sua fala de que o jovem Chefe de Guarda é o único que detém sua confiança. Sou seu irmão, o Mestre-Mor do nosso povo, eu mais do que ele deveria estar...

            — Você já me traiu! — Vladimyr sibilou irritado virando-se para encará-lo. O cenho franzido espelhava o quão desconfiado estava.

              — Discordamos! Apenas discordamos. Deverás em questões relevantes, mas nunca houve traição, apenas discordâncias! — Esticou a mão claramente ofendido. — Vamos, pegue! Veja meus passos no último ano, pois fui eu que estive ao lado de nosso Jovem Senhor, mesmo sem sabê-lo ser quem era. — O Regente estreitou ainda mais os olhos perscrutando o rosto desafiador do meio-irmão. Se virou para o jovem médico que mantinha a cabeça baixa. Deu um passo.               —  Vlad! — Sarkivon gritou se jogando contra o Chanceler, derrubando-o no meio das poltronas enquanto uma massa branca passava sobre eles. 

               O movimento rápido livrou o irmão das garras do urso polar que o segurança, sentado na poltrona lateral, se transformou. O rugido feroz se misturou aos gritos de choque dos passageiros e fez eco com o som ensurdecedor que Thorum soltou ao também se transmutar.

              Os dois seres se moveram ao mesmo tempo. O urso abriu caminho até a maca hospitalar, estapeando quem estava à frente, fincou as presas no lince e o sacudiu como um brinquedo de morder enquanto o tigre branco saltava sobre as poltronas para chegar até ele. Com uma agilidade surreal, apesar do tamanho descomunal, o urso desviou se jogando contra a porta do avião que cedeu pela força do impacto. E sobre ela, com o lince aparentemente morto entre as presas, o animal de mais de três metros de altura e meia tonelada caiu para fora da aeronave como se estivesse em uma prancha, surfando em meio a tempestade que caia.

             A despressurização rápida sugou as pessoas para a porta aberta e os que estavam seguros pelos cintos se preocuparam em agarrar os que não estavam. Foram segundos de desespero com mãos se agarrando até o avião voltar a estabilizar. Quando Vladimyr se recompôs parou a porta, mas já não havia sinal do urso, menos ainda, do lince cinzento.

                — MALDIÇÃO! FAÇAM ALGO! EU QUERO O TRAIDOR!

Nora Stone pseudônimo registrado de
N. F . A. Rocha -  
CPF 261.xxx.xxx-06  - Rua Peri, 105 - Embu das Artes- SP Tel (11) 932042943 -
E-mail norastoneescritora@gmail.com

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Todos os direitos reservados - ISBN  978-85-920569-0-2
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